"Per Omnia Saecula Saeculorum"

"Per ómnia saecula saeculorum"
Palavras de um santo Requiém
Outrora de todos, hoje... de ninguém!

Tanto passado nos ventos esquecido
...Na água da chuva afogado
Num sopro o momento Vivido
De novo é presente... mas terminado

Inúmeros sorrisos de tela pintada
Numa multidão carinhosamente reduzida
Fosse ela real, ou fosse imaginada
Era presente... era multidão. Era sua amiga!

Hoje as folhas caem sem um ramo
As águas brotam sem nascentes
A amizade... é agora algo de tão profano..
Destinada, assim parece, somente, aos inocentes...

Que água nos molha tão abruptamente?
Que consciência nos movimenta?
Serei banal, Serei inconsciente?
Afinal, que raio é isto que nos alimenta?

A aparência tão desmedida?
O egoísmo da solidão?
Que pele trago afinal vestida?
Será de pedra, isto que trago, e chamo de coração?

Já nada julgo, já nada penso...
Tudo vejo, e tudo me parece incomum
Até quando? penso e repenso...
"Per ómnia saecula saeculorum?"


Alexandre Ramalhão