O vento já não corre
As folhas das ramas secas caem
As águas selvagens estancam
Tudo é sombrio e luto
Energia que tudo encobre
Menos tantas punições, que sobre mim recaem
Outrora doces vozes, hoje com hálito a fel
Lançam flechas e golpes duros, de apreensão
No grande, defendendo o pequeno indefeso
Fosse a vida recheada de leite e mel
Talvez vissem os Homens com o coração
Apenas um nada, que já menos sou
Revejo-me nas pedras da calçada
Alma pura, corpo pagão
Sou eterno devaneio sem alvorada
Inferno que o passado me condenou
Cedi... facilmente me levou
Caminhando, alegremente, á eterna punição
Amanhecer algum jamais me espera...
Amanhecer algum jamias me espera
Apenas sombras agarro no além
Mísero condenado á consciência dura
Peão solto no labirinto da humana fera
Fosse salvo... Ah, mas por quem?
Ele próprio, coveiro, da sua sepultura...
De cabisbaixo se rende á escuridão...
Tomba no poço do esquecimento!
Viver nunca fora uma misaaão...
Alexandre Ramalhão