Epitáfio

"Nasci sem Saber, e morri sem me Conhecer"



I



O mundo inteiro desaba

Num turbihão de inconstâncias duras

Negrume do Dia, Trovoada da Noite

Desespero, Dor, Lágrimas puras

Desalento, que o tempo não apaga



Muros de puro degredo a ruir

Na incapacidade de refletir

Insana loucura de uma alma perdida

Sem rumo, vagueando pelo mundo

De tantos rodeada, mas na solidão desamparada

Solta de si, solta de tudo

Remando, até ao vale profundo...



Uma solução naquela alma persiste

Aprazivel desejo que ainda resiste


II



Adorável mundo que tanto amo...



Que olhos me deste,

Se nada pude ver?

Para que boca tive,

Se nada pude sentir?

Para que um coração me colocaste,

Se já não consegue bater?



Deixa-me agora ir

Chega de assim sofrer

Foste de todo cruel

Ao deixares-me vir

E jamais assim partir

Quando já não posso viver



III



Adeus a todos vós...

Amigos do meu coração...

Amigos que desconheço...

Amigos de ocasião...



Adeus... vou partir...

É agora!

Adeus...

Adeus...

É a hora...



Alexandre Ramalhão

24-02-2010